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Imagine o seguinte cenário: você, confiante no potencial do mercado digital, decide investir em criptomoedas. Os lucros parecem promissores, a liberdade financeira está ao seu alcance e tudo indica que você está no caminho certo. Mas, de repente, o inesperado acontece. Uma corretora bloqueia seus ativos, um golpe digital esvazia sua conta ou uma falha técnica impede o acesso ao que é seu por direito.

Agora, além do prejuízo financeiro, surge a necessidade de buscar reparação judicial. Você consulta um advogado e descobre que, para iniciar o processo, precisará arcar com taxas, custas judiciais e honorários. Dependendo do valor do prejuízo, os custos podem ser exorbitantes e inviabilizar a busca por Justiça. Isso levanta uma questão importante: quem não tem condições financeiras está destinado a ficar sem resposta?

No Brasil, a regra é que a Justiça seja paga, mas existe uma exceção para quem não pode arcar com esses custos: a justiça gratuita. Esse benefício pode ser a chave para garantir que você, mesmo enfrentando dificuldades financeiras, tenha acesso ao Judiciário.

Neste artigo, vamos explicar o que é justiça gratuita, quem pode solicitá-la e como ela pode ser aplicada ao caso de investidores de criptoativos. Com informações claras e práticas, você entenderá como superar as barreiras financeiras e buscar os seus direitos sem comprometer ainda mais sua estabilidade econômica.

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O Que É Justiça Gratuita e Quem Tem Direito?

A justiça gratuita é um benefício assegurado pela Constituição Federal e regulamentado pelo Código de Processo Civil, criado para garantir que ninguém seja impedido de acessar o Judiciário por falta de recursos financeiros. O objetivo é simples: assegurar que todos tenham igualdade de condições para defender seus direitos, independentemente de sua situação econômica.

Esse benefício isenta o requerente do pagamento de despesas relacionadas ao processo, como taxas judiciais, custas processuais e honorários periciais, desde que seja comprovado que arcar com esses custos comprometeria seu sustento ou de sua família. No entanto, é importante destacar que a justiça gratuita não cobre honorários advocatícios. Quem não pode contratar um advogado particular pode buscar assistência junto à Defensoria Pública, que oferece suporte jurídico gratuito para aqueles que se enquadram nos critérios de hipossuficiência.

A justiça gratuita é voltada para pessoas que, por razões financeiras, não conseguem custear as despesas do processo sem prejudicar sua subsistência. Isso inclui tanto quem possui rendimentos baixos ou está desempregado quanto aqueles que, mesmo com renda, têm dívidas ou despesas que comprometem significativamente seu orçamento. Além disso, situações excepcionais, como tratamentos médicos caros, doenças graves ou outras despesas extraordinárias, também podem justificar o pedido do benefício.

No caso de investidores que perderam recursos em golpes financeiros, como esquemas envolvendo criptoativos, ou enfrentam dificuldades financeiras devido a falhas em corretoras, a justiça gratuita pode ser fundamental. Ela permite que esses indivíduos busquem reparação judicial sem agravar ainda mais sua situação econômica. Por exemplo, mesmo alguém com patrimônio investido em ativos digitais pode solicitar o benefício, desde que consiga demonstrar que esses investimentos não são líquidos ou suficientes para custear as despesas do processo.

Embora seja um direito, a concessão da justiça gratuita não é automática. Cabe ao juiz analisar as provas apresentadas e decidir se o benefício é necessário e justo no caso específico. Isso reforça a importância de fundamentar bem o pedido, reunindo os documentos que comprovem a incapacidade financeira de forma clara e objetiva.

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Os Custos do Processo Judicial e a Importância da Justiça Gratuita

A justiça gratuita é uma ferramenta essencial para garantir que ninguém seja impedido de acessar o Judiciário por dificuldades financeiras. Ela pode cobrir despesas como taxas judiciais para iniciar o processo, custas processuais ao longo do andamento da ação e custos relacionados a citações e intimações. No entanto, há restrições em alguns casos, especialmente no que diz respeito aos honorários periciais. Embora a justiça gratuita cubra muitas vezes os honorários periciais, quando o pedido é feito pela própria parte, em alguns tribunais, esses custos podem não ser isentados.

Outro ponto importante é que a justiça gratuita não cobre honorários advocatícios de advogados particulares. Caso o requerente não possa contratar um advogado, pode buscar assistência gratuita na Defensoria Pública. Além disso, despesas pessoais, como deslocamento e impressão de documentos, também não estão incluídas no benefício.

No estado de São Paulo, as taxas judiciais são calculadas com base no valor da causa, que representa o montante que você busca recuperar ou proteger no processo. De forma simplificada, se você sofreu um prejuízo de R$ 500.000, a taxa inicial para protocolar a ação seria de R$ 7.500, considerando o percentual de 1,5%. Contudo, para causas de valores elevados, há um limite máximo: em 2024, esse teto é de R$ 106.080,00, independentemente do valor da causa. Isso impede que processos milionários se tornem inviáveis devido às taxas iniciais.

A tabela abaixo, retirada do Tribunal de Justiça de São Paulo, ilustra como as taxas judiciais são calculadas no estado, destacando os percentuais aplicados e os valores mínimos e máximos:

Apesar de o exemplo ser baseado nos valores do estado de São Paulo, é importante ressaltar que cada estado e jurisdição possuem suas próprias regras para o cálculo das custas processuais. Por isso, é fundamental consultar a tabela de custas específica do tribunal onde a ação será protocolada.

Compreender os custos e as limitações da justiça gratuita, especialmente no que diz respeito às taxas judiciais e honorários periciais, permite que o requerente se prepare melhor para enfrentar os desafios do processo judicial e garantir que seus direitos sejam protegidos.

Como Solicitar Justiça Gratuita e Comprovar a Incapacidade de Pagamento

Solicitar justiça gratuita é uma alternativa essencial para quem não tem condições de arcar com as custas processuais sem comprometer o sustento próprio ou de sua família. O pedido pode ser feito no início do processo, diretamente na petição inicial, ou em qualquer momento ao longo do andamento da ação, caso as condições financeiras do requerente mudem. O mais importante é convencer o juiz de que o pagamento das custas inviabilizaria o acesso à Justiça.

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Para formalizar o pedido, o requerente deve apresentar uma declaração de hipossuficiência econômica, afirmando que não possui recursos suficientes para arcar com as despesas do processo. No entanto, essa declaração precisa estar acompanhada de provas concretas que demonstrem a real incapacidade financeira. Apenas alegar dificuldades econômicas não é suficiente; é necessário fundamentar o pedido com documentos.

Essas provas podem incluir comprovantes de renda e despesas fixas, além de evidências que mostrem circunstâncias específicas que agravam a situação financeira. Por exemplo, um laudo médico pode demonstrar a necessidade de tratamentos caros devido a doenças graves ou crônicas. Notas fiscais podem evidenciar gastos contínuos com medicamentos ou outras despesas de saúde. Em situações de desemprego ou trabalho informal, a apresentação de comprovantes do seguro-desemprego ou declarações de atividade econômica pode fortalecer o pedido. Declarações de médicos ou assistentes sociais também podem ser usadas para detalhar a situação.

Outro ponto importante é que fornecer toda a documentação necessária no momento do pedido, seja no início do processo ou quando for apresentada a solicitação de justiça gratuita, pode agilizar a análise e evitar atrasos. Quando a documentação está incompleta, o juiz pode exigir a apresentação de novos documentos, o que prolonga o andamento do processo e pode até gerar incertezas para o requerente. Para entender melhor como funciona o andamento de um processo judicial e o tempo que ele pode levar, consulte o artigo Quanto Tempo Demora um Processo Judicial?

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A exigência de documentação robusta é ilustrada na decisão judicial abaixo, que determina a apresentação de declarações de imposto de renda, extratos bancários de todas as contas e faturas de cartões de crédito. Essa abordagem deixa claro que a concessão do benefício depende diretamente da capacidade de comprovar a incapacidade financeira:

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Mesmo pessoas com renda aparentemente alta podem ter direito ao benefício, desde que consigam demonstrar que suas despesas e dívidas comprometem quase toda a sua renda mensal. Imagine uma pessoa com salário de R$ 7.000, mas que precisa lidar com despesas fixas de R$ 4.000 e tratamentos médicos de R$ 3.000 mensais. Apesar de ter uma renda que parece significativa, esse indivíduo está financeiramente inviabilizado de pagar as custas processuais sem comprometer o próprio sustento.

O juiz analisará cuidadosamente o contexto apresentado, avaliando as provas e considerando as condições financeiras de forma global. Um pedido bem fundamentado e detalhado aumenta consideravelmente as chances de concessão da justiça gratuita, garantindo que o acesso ao Judiciário não seja barrado por dificuldades financeiras.

Conclusão

A justiça gratuita é um instrumento poderoso para garantir que ninguém seja privado do acesso à Justiça por falta de recursos. No caso de investidores de criptoativos que enfrentaram perdas significativas, o benefício pode ser essencial para buscar reparação sem agravar ainda mais a situação financeira.

Porém, para que o pedido seja aceito, é indispensável comprovar que o pagamento das custas inviabilizaria seu sustento. Com organização, transparência e os documentos certos, você pode demonstrar ao juiz que a justiça gratuita é não apenas necessária, mas justa no seu caso.

Se você está passando por uma situação financeira difícil e precisa entrar com uma ação judicial, considere essa alternativa. Afinal, a Justiça é um direito de todos, não um privilégio para quem pode pagar.

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