Um estudo de importantes universidades dos EUA revelou que cerca de 190 bancos americanos estão em risco de falência, assim como o Silicon Valley Bank (SVB).
A pesquisa, conduzida pelas faculdades de Columbia, Stanford, Kellogg School e Chicago Booth, ressalta a crise no setor bancário do país. A situação preocupa especialistas, que apontam a necessidade de medidas urgentes para evitar uma potencial crise financeira.
Estudo aponta risco de falência para bancos nos EUA
A análise mostrou que, devido ao aumento das taxas de juros praticadas pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, o valor de mercado dos ativos dos bancos médios no país diminuiu em cerca de 9%. O sistema bancário dos EUA acumulou US$ 2,2 trilhões em perdas não realizadas apenas no ano passado.
Os pesquisadores analisaram mais de 4.800 bancos do país para avaliar sua exposição aos riscos que levaram à falência do SVB. Outro estudo publicado na Social Science Research Network chegou a conclusões semelhantes sobre a situação dos bancos norte-americanos.
Esse risco iminente para os bancos nos EUA também foi destacado pelo presidente da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão equivalente ao Fundo Garantidor de Créditos no Brasil, Martin Gruenberg. Em um discurso realizado pouco antes da quebra do SVB, Gruenberg afirmou que o valor de mercado dos ativos de longo prazo dos bancos norte-americanos recuou US$ 620 bilhões em 2022.
O estudo apontou que a falência do SVB foi resultado de grandes perdas não realizadas, juros altos e, principalmente, uma grande base de depositantes não segurados. Enquanto os clientes cujos depósitos são segurados pela FDIC tendem a manter seu dinheiro no banco mesmo em caso de falência, o SVB tinha uma parcela significativa de clientes sem essa proteção.
Quase 80% dos ativos vem de de depósitos não segurados
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Mais de 78% dos ativos do banco eram financiados por depósitos não segurados, enquanto a média dos bancos norte-americanos é de cerca de 25%. Essa situação levou os clientes do SVB a retirarem US$ 42 bilhões do banco em um único dia, após o anúncio de prejuízo na venda de títulos de renda fixa e títulos hipotecários do governo dos EUA. Como resultado dessa retirada em massa, o SVB declarou falência no dia seguinte.
O estudo também revelou que as perdas não realizadas dos bancos não são refletidas nos balanços, mas podem ser calculadas considerando o valor de mercado atual dos investimentos. No caso do SVB, entre março de 2022 e março de 2023, o valor de mercado dos ativos caiu quase 16%, equivalente a US$ 34 bilhões.
Com base nesse dado, a pesquisa deflacionou os investimentos de longo prazo dos bancos e chegou à conclusão de que os ativos de um banco médio nos EUA perderam cerca de 10% de seu valor no ano passado. Além disso, aproximadamente 11% dos bancos norte-americanos tiveram perdas não realizadas ainda piores que as do SVB. Esses dados evidenciaram que, se o SVB falisse apenas por causa das perdas, mais de 500 outros bancos também teriam quebrado.
Na pior das hipóteses 190 bancos poderão quebrar
No pior cenário, se todos os clientes bancários retirassem todo o seu dinheiro dos bancos no país, mais de 1.600 instituições financeiras ficariam sem fundos suficientes para cobrir seus depósitos segurados, totalizando US$ 2,6 trilhões em depósitos. Isso exigiria que o FDIC pagasse US$ 300 bilhões, conforme apontado pelo estudo.
Levando em consideração um cenário mais realista, caso metade dos clientes decida retirar seu dinheiro, o FDIC teria que gastar US$ 10 bilhões para proteger os depósitos em quase 190 bancos, que estariam suscetíveis à mesma situação enfrentada pelo SVB.
Esses dados reforçam a preocupação com a estabilidade do setor bancário nos Estados Unidos, uma vez que a crise do SVB pode ser apenas a ponta do iceberg. A análise realizada pelas universidades renomadas do país destaca a necessidade de monitoramento e ação para evitar uma potencial crise financeira.
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